segunda-feira, setembro 08, 2008

Entrevista Rede Bahia - Texto Entrevista

Entrevista de Ana Maria C. Bruni – Tema: “Violência contra Mulher”, exibida pelo programa Rede Bahia Revista – Afiliada Rede Globo – TV Santa Cruz, em 05/08/2007, Apresentadora: Carolina Rosa.

http://www.youtube.com/watch?v=wRTS4Dc3ZMQ

A Dor, não aquela física, mas aquela que atinge na alma! Este dano é irreparável! È eterno! E para isto, nós temos que ter este respeito, precisa haver outro tipo de atitude, e agora! Nós não podemos..., eu não posso deixar para a sua geração essa carga, não posso, já deixaram para minha. Eu não posso mais. Nós demoramos para perceber, demoramos para acordar.

Violência doméstica tem de ser traduzida como Violência do Homem! É o homem que agride, é o homem que ameaça, que intimida. O agressor é o homem!


Entrevista de Ana Maria C. Bruni – Tema: “Violência contra Mulher”, exibida pelo programa Rede Bahia Revista – Afiliada Rede Globo – TV Santa Cruz, em 05/08/2007, Apresentadora: Carolina Rosa.

Apresentadora – Os estudos indicam que a melhor forma de combater a violência contra a mulher é denunciando, mas uma pesquisa realizada este ano pelo Instituto Data Senado, mostra que apenas 40% das vítimas denunciam o agressor.

A historia desta mulher não é muito diferente das milhares de brasileiras que vivem ou já viveram a violência doméstica.

Ana Bruni foi casada por 16 anos. Conta que passou por maus tratos, humilhações, traições. Diz conhecer de perto o que pode ser considerado o pior, entre os piores dos sofrimentos, o de não ter a quem pedir ajuda!

ANA – Nós estamos anestesiados em relação à violência. Eu tenho certeza que se eu parar agora e gritar por socorro, ninguém vem, como ninguém veio. Quando eu precisei e quando muitas mulheres precisaram, ninguém vem.

Falar de paz e amor é muito fácil! Encarar a realidade, minha e de diversas outras mulheres, essa é a questão! É botar à cara a tapa, é brigar realmente por um fato real!

Apresentadora – Ana encontrou na internet um único espaço onde pode desabafar sem medo, além de comunidades em sites de relacionamentos, Ana também criou o Território Mulher, um outro site onde conta sua história, Denuncia sua verdade.

ANA – Essa lei (Lei Maria da Penha - Nº. 11.340/2006), ela não é seguida, os prazos de 48 horas não são cumpridos. Nestas 48 horas o que acontece com esta mulher? Tem intimações de companheiros de amigas minhas, que demoram 90 dias, para o marido ser intimado. Onde é que vive essa mulher nesse período? O que acontece com esta mulher, na realidade? Então, as leis, dias, contra a não violência, isto tem que ser focado, como agilizar isso? Que tipo de atendimento para essas Delegacias especializadas ou não, devem ter?

Eu mesma, eu pedi... fiz uma petição da Lei Maria há mais de 07 meses e até hoje eu não tive sentença, despacho, até hoje não tive... Então você tem que fazer uma Via Crucis para conseguir algum direito, ou pelos menos que alguém te escute. A mulher vai como se fosse pedir um favor, e não um direito!

Apresentadora – O que seria um desabafo virou também apoio para centenas de mulheres.
ANA – Violência doméstica tem de ser traduzida como Violência do Homem! É o homem que agride, é o homem que ameaça, que intimida. O agressor é o homem! Então talvez nós falarmos em Lei Maria da Penha, por que foi ela que sofreu a violência doméstica, é a violência feita pelo homem. Por que que ele age assim? É inadmissível que o homem possa agredir o gênero que lhe deu a vida! A mãe, a filha, a neta, a sobrinha, a amiga. O homem agride!!!

Apresentadora – Apoio. Este parece ser o maior desejo da mulher vítima de violência.

ANA – A moça que conseguiu se separar usando a Lei Maria da Penha, ela me respondeu assim: - “o medo ainda persiste, tenho a impressão que isto é uma coisa que nunca vai passar. Podemos conseguir resolver o mal que nos fazem através da Lei dos homens, porém o que carregamos dentro de nós: o medo, a dor, a humilhação, as críticas, isto nunca vai passar!”

ANA – Então como eu te falei, a Dor, não aquela física, mas aquela que atinge na alma! Este dano é irreparável! È eterno! E para isto, nós temos que ter este respeito, precisa haver outro tipo de atitude, e agora! Nós não podemos..., eu não posso deixar para a sua geração essa carga, não posso, já deixaram para minha. Eu não posso mais. Nós demoramos para perceber, demoramos para acordar.