sábado, maio 16, 2009

quarta-feira, abril 15, 2009

Entrevista com Juiza Marcia Lisboa

A juíza Márcia Lisboa é a titular da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher em Salvador - Bahia
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Fotos: Evilásio Jr./ Bahia Notícias

"Todas as mulheres de qualquer classe social já sofreram algum tipo de violência. Todas."

Por Evilásio Júnior

BN – Como começou o envolvimento da senhora em defesa da causa feminina?
ML – Na verdade, eu sempre trabalhei com o crime. Passei 10 anos em Feira de Santana e sempre estive voltada para a questão das minorias, desde que substituí o juiz da Vara de Menores, lá em Feira de Santana. Na minha primeira comarca, em Santa Inês, eu criei uma associação de apoio à criança e ao adolescente, que achou um convênio com a Prefeitura, no estilo daquele Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) do Brizola. A criança entraria às 7h, teria um café da manhã, depois a escola, almoço, aula à tarde e jantar. Então, tiramos 100 crianças da rua, que ficavam mendigando por determinação dos próprios pais, em uma cidade paupérrima de 20 mil habitantes. Infelizmente, após a minha saída, depois de oito anos que fiquei lá, a promotora ainda segurou um pouco, mas o prefeito destruiu...

BN – Quando isso aconteceu?
ML – Eu passei no concurso lá em 1990.

BN – Então nesse período a senhora ainda não trabalhava com a questão das mulheres?
ML – Não porque ainda não se ouvia falar sobre a violência doméstica. Eu tinha uma coisa mais voltada para as minorias: as crianças, os adolescentes. Sempre gostei das partes especializadas, nunca gostei muito do crime comum. Em Feira de Santana eu estava na Vara Especializada Criminal, que apurava crime de colarinho branco. Fiquei meio estéril lá por muito tempo, sem ter muito o que fazer (risos). Mas também ajudei na Vara de Menores. Quando cheguei em Salvador há um ano, eu já trabalhava com a questão das mulheres, de entender a violência doméstica.

BN – E como é essa violência doméstica?
ML - É um crime privado que é escondido, porque antigamente a própria Lei dizia que dentro da própria casa "briga de marido e mulher ninguém mete a colher". A mulher deveria ter o lar como seu acolhimento, o seu amor, o respeito pelo marido e pelos filhos, mas é ali naquele espaço que ela sofria e sofre as maiores agressões. Então, a Lei veio com esse avanço de dar visibilidade a esse crime invisível. Antigamente, em tese, não existia a violência porque existia uma tolerância da sociedade com relação a isso. Antes se dizia que se você apanhou foi porque alguma coisa você fez. Tinham até aqueles chavões: "ele não sabe porque está batendo, mas ela sabe porque está apanhando" e "a mulher gosta de apanhar". Ninguém gosta de apanhar. A mulher quer simplesmente que pare a violência.

"70% das mulheres no mundo são mortas por seus maridos, ex-maridos, namorados e ex-namorados."

BN – Mas de lá para cá, já que houve tanto avanço feminista, conquistas e emancipações, a própria mídia também que passou a dar mais visibilidade, a senhora sente que houve uma diminuição ou a violência ficou mais enrustida?
ML – Não houve uma diminuição, exatamente houve uma maior visibilidade. Antigamente não se via e se escondia. Essa Lei 11.340 (Maria da Penha) é uma conquista dos movimentos feministas, que começaram lá nos anos 60 e 70, já com aquela história da legítima defesa da honra, quando mataram a Ângela Diniz (socialite morta por um namorado em 1976, quando tinha 32 anos), e aí os movimentos começaram a perceber a violência de gênero. A violência contra a mulher, simplesmente pelo fato de ela ser mulher, e os homens serem absolvidos pelo fato de se sentirem lesados em sua honra, como se a mulher fosse propriedade deles. Essa é a questão da violência de gênero: o poder hierárquico que o patriarcado ensina às mulheres. E todas nós mulheres sofremos essa violência, de uma forma ou de outra, em níveis diferentes. Nossas próprias mães incorporam esse discurso patriarcal.

BN – E até hoje isso acontece...
ML – Até hoje!

BN – Agora, me parece que, justamente pela visibilidade, dá-se a impressão de haver mais casos hoje em dia, mas pela cultura machista, que era muito mais forte antigamente, isso devia acontecer muito mais lá no passado...
ML
– Sim, sim. Os homens tinham um direito de morte. Matavam! E aí não se apurava, inventava que era acidente, a polícia era conivente e até o próprio Estado. Porque antigamente a Lei, a Ordenação Filipina, dava ao homem o direito de cobrar obediência da mulher. O marido, os filhos, os servos deles tinham o direito de bater, de castigar, e em casos de adultério podiam até matar. O nosso código de 1940 ainda é fascista. Com as conquistas femininas foi tirada a fiscalização de mulher honesta, o adultério não é mais crime. Tudo isso é um processo de conquista e nós chegamos nessa Lei por uma condenação do Brasil por organismos internacionais.

BN – Que foi a Lei Maria da Penha...
ML
– É. A Maria da Penha lutou 20 anos, depois de duas tentativas de homicídio, em que ela ficou paraplégica, e só conseguiu que ele (marido) fosse condenado a dois anos. Quase na prescrição, 19 anos depois, sete meses antes de prescrever o crime, foi que ele foi condenado a dois anos. Os organismos internacionais obrigaram o Brasil a ser signatário dos tratados e convenções para prevenir e merecer analisar toda prova de violência contra a mulher. Tanto é que essa Lei é inspirada no parágrafo 8° do artigo 226 da Constituição Federal, que prevê a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher e também a Convenção Interamericana para punir e erradicar a violência contra a mulher.

BN – Mas há dificuldade em aplicá-la, não é?
ML
– Então, as pessoas entram no mérito de que é inconstitucional. O patriarcado dos homens não aceita. Na verdade, são tecnicismos jurídicos, encobertos de técnicas jurídicas. São grandes juristas que dizem. Não só em princípio da igualdade. Na verdade, que igualdade? Nossa Constituição diz há 21 anos que são todos iguais perante a Lei, mas você vê a estatística e 70% das mulheres no mundo são mortas por seus maridos, ex-maridos, namorados e ex-namorados.

BN – Essa estatística é de quando?
ML
– É a mais recente da Organização Mundial de Saúde. E no Brasil agora, pela Fundação Perseu Abramo, de 15 em 15 segundos uma mulher é agredida no país. Isso entre os 10% que denunciam.

BN – Por que ainda há tantos casos que não são denunciados?
ML
– A maioria tem vergonha, tem medo, se acha responsável pela violência que sofreu. Por isso a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) já foi um avanço. Mas mesmo com a Deam o ranço ainda fica. A doutora Isabel Alice (diretora do Departamento de Crimes Contra a Vida [DCCV]) é uma precursora nessa luta contra a violência de gênero, que foi uma das primeiras delegadas da Delegacia da Mulher, e aí ela está capacitando a estrutura. Mas mesmo assim, as próprias mulheres delegadas não entendem dessa forma. Fica no discurso do "não é assim, volte pra ele" e não vê a gravidade da violência doméstica que destrói o psicológico da mulher e a autoestima. A violência psicológica é destruidora, e por isso há um grande avanço. Não é só a violência física. Você tem uma violência psicológica, patrimonial, moral, física e sexual. Tudo isso engloba a violência doméstica e familiar.

"Tinham uns que ainda diziam que "nunca foi tão barato bater em você'."

BN – A Vara foi implantada em novembro (2008). Qual é o cenário hoje em Salvador? Há muita violência contra a mulher na cidade?
ML
– Muita. Nós temos um total de 1.076 processos, mas ainda virão outros das varas comuns. Porque antes da instalação da Vara, a Lei determinava, no artigo 36, que elas seriam julgadas pelas varas comuns e teriam prioridade. Então nós temos cadastrados cerca de 900 processos. Pela previsão da nossa presidente (do Tribunal de Justiça da Bahia) Sílvia Zarif, ela acha que são 3 mil processos que virão, fora as demandas novas que estão chegando. Tivemos o recebimento de 95 denúncias, com abertura de inquérito, duas sentenças no mês de fevereiro, mas em dezembro foram quatro sentenças condenatórias. Como a pena é pequena, de três meses, foi por injúria e ameaça, eu troco por instrutiva de direito para que ele cumpra serviços à comunidade. Ele vai para a Vara de Execução de Medidas Alternativas e o juiz de lá determina que ele passe um ano servindo em qualquer instituição.

BN – A senhora não acha essa pena muito pouca não?
ML
– Foram eles que fizeram. Antigamente a pena era de seis meses a um ano. E aí a Lei veio para aumentar de três meses, não entendi porque diminuiu a mínima, para três anos. É o máximo, mas é o que a gente conseguiu fazer. Pelo menos retiramos a Lei 9.099, porque aqui na Vara é impossível aplicar a qualquer forma de sentença pecuniária as medidas de cesta básica, multa, nada disso. Ele vai ter que servir. Mas só o fato de ele ter uma condenação...eu condenei! O nome dele estará no hall dos culpados. O que quer que aconteça, ele vai estar condenado. Ele vai passar um ano em asilo, limpando eu não sei o quê. Isso já é um constrangimento. Mas podem chegar casos de estupro, atentado violento ao pudor, lesão grave e tentativa de homicídio, por exemplo, em que a pena é maior e ele pode ir para o regime de prisão mesmo.

BN – E são muitas mulheres que procuram o serviço?
ML
-  Você veja que em medidas protetivas, em novembro foram 15 e nós inauguramos dia 18. Há basicamente uma por dia. Em dezembro foram 32, janeiro 55 e fevereiro 20. Então, em todos os dias você tem mulheres que pedem proteção porque estão sendo agredidas. Teve um cárcere privado que a gente foi lá e estava realmente acontecendo. Ela estava em situação completamente irregular, isolada da família, sem nenhuma condição de acesso. Ele foi preso e agora o processo vai ser instruído. Também uma tentativa de homicídio, em que ela recebeu 10 facadas. E, infelizmente, como a nossa competência não está estruturada, já que nesse caso ela é da Vara do Júri, a Juíza da Vara do Júri, não vou questionar o posicionamento de uma colega, mas ela relaxou a prisão. Quer dizer, uma pessoa que dá 10 facadas vai terminar o serviço. Então a delegada da Deam me mandou essa moça e eu dei uma medida protetiva para ela e ele não pode se aproximar, senão vai ser preso. Nós temos dois militares presos em razão do não cumprimento da medida protetiva e temos mais uma prisão preventiva decretada.

BN – E como a senhora avalia os trabalhos da Vara?
ML
– A intenção da Vara não é basicamente reprimir ou prender o homem. O que nós queremos, e essa Lei quer, é um cunho mais educativo. Uma modificação de paradigmas. Eu classifico como uma revolução, porque os próprios homens ficam assustados. Eles nunca foram presos por ameaçar a mulher. A ameaça, no meu entender, é um dos crimes mais graves porque a pessoa fica apavorada.

BN – É uma coação...
ML
– Exatamente. Ela não consegue lidar com a própria vida, a cidadania ativa fica completamente comprometida. Ela fica com medo de sair, da roupa que veste, porque tudo isso é uma forma de controle. Quando ele agride, chama de vadia, disso e daquilo, ela não sai, deixa de ir à escola. Tudo isso se engloba na violência psicológica.

BN – E como se prova este crime?
ML
– Se prova pela palavra da mulher. Por isso que aqui tem que ter pessoas, juízes e promotores preparados. A nossa equipe tem cinco psicólogos e cinco assistentes sociais que a Lei prevê, exatamente para entender esse fenômeno muito complexo que é a violência psicológica. Porque antigamente se atribuía à mulher a culpa pela surra ou pelo constrangimento que sofria. E a mulher só chega a denunciar depois de várias e várias ameaças.

BN – Por causa da pressão social?
ML
– Porque ela tem vergonha, ela se sente culpada, a sociedade diz que é ela a responsável pela família. E agora quando a Lei vem e diz no artigo 6º que a violência contra a mulher é uma violação dos Direitos Humanos, aí tira aquela coisa da Lei 9.099 que banalizou a violência. O homem dava todo dia tapa e tal, pagava duas cestas básicas e ia embora...

BN – E ficava por isso mesmo...
ML
– Tinham uns que ainda diziam que "nunca foi tão barato bater em você". Era assim.

"A tolerância, o sistema, a própria assunção do discurso do outro pela própria mulher, faz com que ela se ache realmente inferior, submissa e não tenha condições de entender a violência que sofre."

BN – Há também avanços políticos com as criações  da Secretaria de Promoção da Igualdade, Superintendência de Política para as Mulheres e comissões especializadas na Câmara de Vereadores e na Assembléia Legislativa?
ML
– Muito. Nós temos uma rede de proteção à mulher que tem trabalhado muito ativamente com relação a isso. A pressão dos movimentos feministas da rede foi que obrigou a essas ações. Aí foram instaladas essas três varas: uma em Salvador, uma em Vitória da Conquista e outra em Feira de Santana. Mas a desembargadora Ivete Caldas, juntamente com a presidente Sílvia Zarif, elaborou um projeto que já foi aprovado dentro do Pleno e foi encaminhado à Assembléia Legislativa para ser votado e prevê a criação de mais doze varas. Tudo isso é pouquíssimo mas é um grande avanço.

BN – Há algum tipo de parâmetro, em relação a outros estados, se aqui na Bahia há mais ou menos casos do que em outros locais?
ML
– Eu acho que são iguais. Mas nós só temos a Vara há três meses. No Mato Grosso do Sul já tem dois anos, deve ter um histórico muito maior. Rio de Janeiro também tem. Mas eu acho que a proporção é a mesma. No Brasil e no mundo. A institucionalização da violência de gênero que acontece pelo simples fato de ela ser mulher.

BN – Agora culturalmente, porque aqui tem um diferencial, no meu modo de ver, que reforça a discriminação. Eu posso estar falando a maior bobagem do mundo, mas me incomoda a questão da própria música na Bahia, que em muitos casos é retrógrada. Porque a mulher avança no mundo inteiro: ela dirige grandes empresas, preside países, tem cargos de destaque e aqui há um determinado segmento musical que coloca novamente a mulher como objeto. Ela tem que ser submissa ao homem, expor o corpo e fazer de tudo para chamar à atenção dele. A senhora concorda com essa tese?
ML
– Não tenha dúvida. Concordo inteiramente com você. Esse tipo de coisa reforça o machismo. É isso que eu falo, a tolerância, o sistema, a própria assunção do discurso do outro pela própria mulher, faz com que ela se ache realmente inferior, submissa e não tenha condições de entender a violência que sofre. Por isso o grande trabalho de capacitação das pessoas que trabalham aqui para mostrar às mulheres onde elas sofrem a violência. Porque elas só acham que foram agredidas quando chegam os filhos. Ela pode suportar tudo. Não se vê digna de direito e de respeito só por ser um ser humano. Ela acha que pode ser propriedade daquele homem. Ele pode discipliná-la, ela não pode ter uma vida. A maioria dos casos aqui é quando ela quer se separar. Ele não aceita perder o poder sobre aquele objeto.

BN – Independentemente disso, a senhora acredita que o machismo ainda está arraigado em nossa cultura?
ML
– O que a sociedade diz? Que a mulher quer casar e ter filhos. Ele tem que ser o todo poderoso e ela a submissa. No final, por mais avanços que a gente tenha, até as meninas de 17 e 18 anos de hoje têm essa idéia e acreditam ainda que o homem é o provedor e ela precisa ser a segunda. Por mais que se evolua, dentro ainda está internalizado. É a naturalização da violência. Todas as mulheres, colegas minhas e até eu. Outro dia até minha filha disse que eu era uma mãe machista e só quando comecei a estudar sobre a violência doméstica foi que eu percebi que tudo é muito sutil.

BN – Algum caso mais intrigante sobre esse "poder" foi registrado recentemente?
ML
– Houve um caso no último dia 3 aqui, em que ele simplesmente botou a mulher para fora de casa e colocou a amante dentro por achar que isso não é violência. E ela teve que sair de uma casa que foi construída pelos dois. Eu emiti uma medida protetiva e até então ela fica na casa e eu marcarei uma audiência de tentativa de oitiva das partes para ver como é que vai ser resolvido. Mas, em princípio, existe a violência psicológica e moral. Teve também um caso muito marcante quando eu estava em Brasília e uma psicóloga contou. O homem chegou em casa e disse para a mulher: "eu quero que você faça um bife para mim hoje". Ela, como tinha outros filhos e não tinha aquela carne, fez um guisado para poder dar para toda a família. Ele chegou à noite e perguntou: "cadê meu bife?". Ela disse que não tinha, mas havia o guisado. Ele cortou a mão dela. Na delegacia, os repórteres chegaram em cima e perguntaram "por que o senhor fez isso?". Ele simplesmente respondeu: "Ela não fez o meu bife!". Ele tinha certeza de que aquilo não era uma violência grave, para você ver como é essa inconsciência, essa loucura. 

BN – Como se justificasse a barbaridade...
ML
– Ele não tem nem consciência da barbaridade. A sociedade dá tanto esse poder, que parece real, de que ele é superior e tem poder sobre a sua propriedade.

BN – Mas isso é localizado em classes mais baixas?
ML
– Não, não. Isso é uma ilusão. O que acontece é que as famílias mais abastadas têm advogados, têm psicólogos e escondem mais. Já as famílias menos favorecidas não têm para onde correr e só vão denunciar, mesmo assim, depois de anos de agressões. De agressões reiteradas. Pelas nossas estatísticas não acontece uma vez só. Quando ela chega a denunciar é porque não suporta mais, teme a morte, ou está chegando aos filhos. Então não tem nível. Todas as mulheres de qualquer classe social já sofreram algum tipo de violência. Todas. E a faixa etária é de 14 aos 40, 45, 50 anos. E passam a vida toda apanhando porque acham que não precisam denunciar, pois é assim que tem que ser. Têm mães que dizem "minha filha é assim mesmo, não saia. Volte". Nós temos aí milênios. Platão dizia que a mulher não tinha alma. Sócrates dizia que a mulher era um homem castrado. O próprio Rousseau dizia que a mulher não tem capacidade de gerir nada. Estupro pelo marido era permitido. Grandes juristas ainda acreditam que o estupro domiciliar é um dever conjugal da mulher.

BN – Juristas? Em 2009?
ML
– Século 21. Outro dia em um evento foi um professor argentino que defendeu. Em alguns tribunais você ainda acha jurisprudência para a legítima defesa da honra. É incrível.

"A Vara já é um avanço, a gente tem uma presidente do Tribunal mulher, a nossa Mesa Diretora é composta por cinco mulheres, só tem um homem."

BN – O que pode ser feito para reverter essa realidade?
ML
– O que a gente está fazendo. Lutando. A Vara já é um avanço, a gente tem uma presidente do Tribunal mulher, a nossa Mesa Diretora é composta por cinco mulheres, só tem um homem, o desembargador Jerônimo (dos Santos), que é uma pessoa muito sensível. A gente tem que combater essa forma de tolerância e de aceitação dessas próprias mulheres, de que elas são objetos.

BN – Em casos de denúncias, se uma mulher precisar contatar a Vara, o que ela pode fazer?
ML
– Ela vem aqui na nossa sede, rua Conselheiro Spínola, 77, Barris, ou liga 3328-1195 ou 3329-5031. Ela vai ser ouvida por psicólogos e vai ter todo o suporte. Não precisa mais ter medo, ela agora não vai ser mais questionada do por quê de ter apanhado. Ela agora vai saber que sofreu uma violência, que tem razão e merece todo o acolhimento da nossa parte.

BN – Muito obrigado pela gentileza da entrevista.
ML
– Obrigada. 

No Bahia Noticia

 

"Uma mulher apanha dentro de casa no Brasil a cada 15 segundos"

Vanessa Ribeiro Mateus: "Uma mulher apanha dentro de casa no Brasil a cada 15 segundos"
 
Vanessa Ribeiro Mateus, titular do primeiro juizado dedicado à violência contra a mulher em São Paulo, afirma que a cultura ainda faz com que as pessoas achem que bater, desde que seja na mulher e dentro de casa, não é tão grave
Marcelo Zorzanelli
Marcelo Min
A juíza Vanessa Ribeiro Mateus

Quando a juíza Vanessa Ribeiro Mateus recebeu a reportagem de ÉPOCA no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, trajava um vestido florido com decote, calçava sapatos de salto alto e tinha os cabelos loiros soltos. Ainda assim, esforçava-se para que passasse despercebido o fato de que ela provavelmente é a mais bela juíza a assumir um cargo relevante no Estado. Vanessa é casada, tem 33 anos e não tem filhos. Nasceu em Santos, no litoral paulista. E comanda o primeiro Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Estado de São Paulo, inaugurado no fim de janeiro. Ao responder às perguntas, vestiu-se da mais estrita gravidade para comentar os casos de violência doméstica que já contemplou na função.

ÉPOCA - Qual a importância do juizado especializado?
Vanessa Ribeiro Mateus -
Todos os foros regionais têm varas criminais que podem aplicar a lei Maria da Penha. Mas só esse juizado vai contar com a estrutura que a lei determina. Assistência jurídica integral para a mulher, psicólogas, assistentes sociais, e outros funcionários preparados para esse acolhimento. Tem até um lugar para as crianças ficarem brincando. Temos contato direto com os órgãos da municipalidade como os abrigos para mulheres que não podem mais ficar em suas casas. Mas o mais importante é que este juizado só vai tratar de violência doméstica contra a mulher.


ÉPOCA - Quais os grandes avanços da lei Maria da Penha?
Vanessa -
A Lei Maria da Penha permite que o mesmo juiz – que cuida do Juizado de violência doméstica – aplique medidas cíveis e criminais. O mesmo juiz que vai tocar o processo criminal e aplicar a pena – ele vai dar separação de corpos, pode determinar proibição de visitas aos filhos se os filhos estiverem sofrendo violência, pode encaminhar a mulher para os órgãos públicos, para a prefeitura municipal, para órgãos do estado, para casas de assistência, para ONGs. O juiz proíbe que o agressor se aproxime dos locais que a vítima frequenta ou da própria vítima. Mas a gente só pode agir se a vítima vier nos procurar.

ÉPOCA - Imaginemos uma situação prática. Uma mulher é ameaçada pelo companheiro. Ela vai à delegacia. Ela tem medo, não sabe o que fazer. Perguntam a ela: "Você quer mesmo abrir um inquérito? Ele pode ser preso". O que costuma acontecer nessa hora?
Vanessa -
É muito difícil colocar nos ombros da mulher a responsabilidade de mover um processo criminal contra o pai dos filhos dela, contra um homem que ela amou. Muitas vezes é por causa do sentimento que ainda existe, e outras vezes por conta da família dela. A família da mulher costuma dizer: "ele bate, mas é trabalhador". A nossa cultura ainda faz com que as pessoas achem que bater, desde que seja na mulher e dentro de casa, não é tão grave. É uma correção, como se a mulher precisasse ser corrigida.

ÉPOCA - O que pode ser feito para desconstruir essa visão?
Vanessa -
Em primeiro lugar, a mulher tem que ser estimulada a denunciar. E tem que saber que denunciando, alguma coisa vai ser feita. Porque se ela achar que nada vai acontecer, não vai procurar a polícia. E isso tem que ser tratado com mais seriedade, não pode ficar restrito aos muros da casa. Uma mulher apanha dentro de casa no Brasil a cada 15 segundos. É um número espantoso.

ÉPOCA - Quando não tem mais opção, por que a mulher simplesmente não pega as coisas e vai embora?
Vanessa -
Duas questões principais: dinheiro e filhos. Ela não tem condições financeiras de abandonar aquele relacionamento. E em outras vezes há a dependência afetiva. A violência doméstica não começa fisicamente, mas com a violência psicológica e moral, uma violência contra a honra. Quando a mulher é vítima dessa violência por anos, sua autoestima fica muito baixa. Elas não conseguem sair desse ciclo porque acham que não servem para nada. Acham que não serão capazes de fazer nada sem aquele marido que as corrigem, que as protegem.

ÉPOCA - Como acontece uma audiência no juizado?
Vanessa -
Ouvimos primeiro a vítima, para saber as medidas de proteção de que ela necessita. Pergunto como estão os filhos, como está a questão da comida – e a questão de vícios, se o agressor anda bebendo etc. Depois chamamos o agressor e aplicamos as medidas protetivas – desde um afastamento do lar até a prisão preventiva se ele reiteradamente colocar em risco a vida dessa mulher. Essa medida é concedida em frente ao agressor. Se ele não comparece, é intimado. A partir daí o processo corre normalmente.

ÉPOCA - O afastamento funciona?
Vanessa -
Se o juiz determinou o afastamento e o homem não cumpre a medida, a mulher pode e deve chamar a polícia. A policia deve retirá-lo do local e fazer a comunicação ao distrito. Funciona e às vezes não funciona. Às vezes não temos a notícia do resultado do afastamento porque a mulher não faz a denúncia. Só ficamos sabendo lá na frente, quando a violência se repete.

ÉPOCA - Por que muitas mulheres abrem mão das medidas de proteção?
Vanessa -
A violência é cíclica. Ela começa com uma tensão, ameaças e só então vai para a violência física. Depois o homem pede desculpas e fala que aquilo nunca vai acontecer de novo. Aí eles se comportam maravilhosamente durante alguns dias. As relações começam a ficar tensas novamente, vem a ameaça, e então nova agressão. Quando elas vão até a delegacia pedir para cancelar o processo é num momento de paz. Por isso a mulher precisa dessa estrutura da Lei Maria da Penha – atendimento psicológico. Ela precisa ter dignidade para romper o ciclo. Não dá para contar com a força de vontade de alguém que está com a autoestima tão comprometida.
 

sábado, janeiro 10, 2009

Como agem os que nos matam em vida

  Entrevista com Susana Vieira na Veja

A atriz Susana Vieira, de 66 anos, casou-se três vezes e teve muitos relacionamentos. Nenhum deles foi tão traumático e expôs tanto sua intimidade quanto o último, com o ex-policial militar Marcelo Silva, que, aos 38 anos, sucumbiu a uma overdose de cocaína em dezembro passado. Bonita, sorridente e com 5 quilos a menos, Susana relata as cenas repugnantes a que foi submetida nos capítulos finais do seu casamento. A atriz conta que o ex-PM lhe surrupiou joias, dinheiro, eletrodomésticos e pretendia chantageá-la. Refeita de golpes na vida real que nem os mais criativos autores de novela foram capazes de imaginar, Susana diz que já conseguiu superar o escândalo e está pronta para amar de novo.


Seu marido, Marcelo Silva, foi preso e expulso da Polícia Militar do Rio por se drogar e espancar uma prostituta em um motel. Depois, a senhora descobriu que ele mantinha uma amante. Em seguida, Marcelo morreu de overdose ao lado dela. Qual foi o pior desses momentos?

Nunca vivi nada comparável ao primeiro grande baque, que foi o episódio do motel. Mas também nada se compara à nossa separação e à morte dele. Nem (a autora de novelas) Glória Perez seria capaz de escrever uma história como essa. Depois do escândalo do motel, perdoei o Marcelo porque jamais imaginei que ele aprontaria de novo. Mas nem o Marcelo nem aquela amante dele (a nutricionista Fernanda Cunha) eram inocentes. Só peço que não escreva o nome dessa mulher junto do de Susana Vieira, que é a vítima.

Muita gente apostou que o seu casamento terminaria depois do episódio do motel.

Eu chorava de saudade do Marcelo. Era uma mulher apaixonada. Ele era sedutor, me amava e a gente transava bem. Aliás, só soube agora que pessoas com deformidade da mente, como ele, transam muitíssimo bem. Não me nego ao amor e estou cheia dessa história de que mulher de 60 anos tem de namorar homem de 70. Sou uma estrela. Não estou nem aí para preconceitos.

As traições de Marcelo têm relação com o fato de que ele tinha quase trinta anos menos que a senhora?

Só diz isso quem se sente no direito de me julgar. Apareceram até uns psicanalistas para falar do caso da Susana Vieira, a sessentona que se casou com um jovem de 35 anos. Eles diziam que eu estava com um garoto. Por favor, quem tem 35 anos não é jovem nem garoto. Jovem é o Cauã Reymond (de 28 anos). Mais velho do que ele já é senhor. Sei o que estou dizendo. Antes de casar com o Marcelo, passei dezessete anos com o Carson Gardeazabal. Quando nós começamos, ele tinha 24 anos e eu, 43. E quer saber? Sou mais jovem em curiosidade, energia e disposição do que o Marcelo e o Carson juntos. Não fico procurando garotão em porta de universidade, mas não tenho culpa se sou desejada por jovens.


Por que a senhora resolveu se casar com Marcelo em vez de apenas namorar com ele?Foi Marcelo quem quis casar. Pensei: por que não? Por que não me casar de noiva? Não é pecado nem crime. Eu estava apaixonada e não devia nada a ninguém. O problema era que ele tinha 35 anos e era policial militar. Aliás, o preconceito por ele ser PM era pior do que o da diferença de idade. Dias antes do casamento, soube que ele era dependente químico. Lidar com isso, com um adicto, foi uma novidade a mais para mim. Eu acreditei na reabilitação dele.

A senhora já superou a traição, a separação e a morte de Marcelo?Foi difícil. Não chorei nem gritei, mas entrei em estado de choque. Fui parar no consultório da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva (autora do livro Mentes Perigosas: o Psicopata Mora ao Lado). Precisei de quatro sessões para me recuperar das revelações que a amante dele me fez ao telefone. O stress a que ela me submeteu equivale ao de um sequestro. Perto dessa mulher, a Flora (vilã de A Favorita) é boazinha. As coisas que ouvi dela eram de uma crueldade que nenhuma novela jamais mostrou. Falou até das posições preferidas na cama – tanto as deles quanto as nossas.


A senhora trouxe a mãe de Marcelo, Regina, do subúrbio para a Barra da Tijuca. O que será dela agora?

Minha querida, ela herdou do filho uma conta bancária muito boa, fruto dos desvios de dinheiro da reforma da minha casa. Levou um Polo, que passei para o nome do Marcelo porque ele recebeu mais de 20 000 reais em multas. Além disso, a mãe dele ficou com seis malas de roupas masculinas, 47 pares de tênis e relógios. Tudo de grife. Marcelo roubou minha alma, meu sentimento e muito mais. Pedia que colocassem 2 000 reais a mais em notas de material de construção para embolsar a diferença.
"Marcelo se escondeu atrás da porta do banheiro para me filmar tomando banho de touca na cabeça. Fazia close das minhas partes íntimas enquanto eu me lavava"


Marcelo a roubou?

Tirou joias, perfume importado e até um aparelho de micro-ondas que ainda estava na caixa. Marcelo pôs a culpa no caseiro. Depois, eu soube pela amante dele que o Marcelo levou o micro-ondas para esquentar comida no flat dela. Quando as joias sumiam, ele também culpava os empregados. Eu não acreditava. Achava que tinha perdido. Ele as tinha dado de presente a ela. A mulher ficou até com meu BlackBerry. Ela me contou que ia escondida aos restaurantes, ensaios de escolas de samba e outros lugares em que estávamos juntos. Eles se encontravam nos banheiros. Transaram na minha casa em Búzios enquanto eu estava na praia. E foi na minha cama.
O que mais a amante de Marcelo lhe contou?

Que ele desviou dinheiro da obra da minha casa. Era para custar 110 000 reais. Saiu pelo dobro. Se ele me dizia que um tijolo custava 12 reais, não checava. Ela sabia de tudo, até de quanto faltava para pagar o telhado. Só soube desses absurdos depois que o Marcelo morreu.


Os empregados não diziam nada porque ele os ameaçava. Dizia assim: "Antes de falar alguma coisa para a Susana, lembra que sou polícia. Você some". Sabia que ele pediu à revendedora da Honda que emitisse uma nota superfaturada? Fez a mesma coisa na Volkswagen quando comprei o Polo. Felizmente, ninguém aceitou. Aquela mulher me contou que o Marcelo fez até um filme das nossas transas. Mas eu nunca achei a gravação. Se for verdade, espero que nunca apareça. Mas achei outra, a do chuveiro, no dia em que meu cofre foi arrombado.


Que filme é esse? Quem arrombou seu cofre?Marcelo. Ele se escondeu atrás da porta do banheiro para me filmar tomando banho de touca na cabeça. Ainda por cima, fazia close das minhas partes íntimas enquanto eu me lavava. Ele ia usar o filme para me chantagear. Isso eu soube pelo pessoal da praia. O cara de uma barraca contou para minha sobrinha que o Marcelo ia cobrar 500 000 reais para me dar a gravação. Achei esse filme quando meu cofre foi arrombado.
Como foi isso?Um dia depois que a amante dele me telefonou, encontrei meu quarto revirado com o cofre aberto. Nunca dei o segredo ao Marcelo, mas, do mesmo jeito que me filmou escondido, ele me viu abrindo o cofre e decorou o número. Sumiram meus dólares, euros, reais e as joias. Resolvi esconder a moto antes que o Marcelo a levasse também. Aí, descobri no bolso da jaqueta de couro dele o filme do banho e um documento importantíssimo.

Que documento?

O nosso contrato de casamento, que diz que ele não teria nenhum direito a meus bens em caso de separação. O documento estava no cofre. Meu filho, Rodrigo, disse ao Marcelo que ele havia assaltado meu cofre. Ele respondeu: "Não fui eu. Eu estava dormindo". Ou seja, ele sabia que o cofre tinha sido arrombado. Liguei para a Globo para contar do filme. Fui à Justiça pedir a separação de corpos. Falei que corria risco de vida. Os meus empregados contaram à juíza que eram ameaçados. Aí descobri que sabiam dos desvios de dinheiro. Voltei para casa com seguranças e coloquei o Marcelo para fora. Ele disse que prejudicaria a minha carreira. Era uma referência ao filme do banheiro, que, àquela altura, estava seguro dentro do meu sutiã.


O que a deixou mais magoada: ser traída em público ou guardar segredo sobre os roubos?O pior foi a traição espiritual e calculada dele. Se ninguém me contasse, eu podia estar me enganando até agora.
"Emagreci 5 quilos de nojo do que Marcelo e a amante fizeram. Só tive pena quando vi pela televisão o corpo dele no chão. Fora isso, só tive raiva, raiva e raiva"


Como, aos 66 anos, a senhora foi tão ingênua?

Ingênua e generosa. Ainda bem. O mundo não é feito de gente má, ladrões e assassinos? Sou boa. O nosso problema não era a diferença de idade, de nível social nem de formação. Quantas pessoas vieram do nada, viraram famosas e não roubaram? O desnível cultural pode ser suprido por outras qualidades. Namorei o jornalista Renato Machado (da Rede Globo) e casei com Carson, que fazia motocross. Não falava só de vinho e ostras com Renato e nem só de moto com Carson. O Marcelo me beijava muito. Imagina se eu não gostava? Eu, que sempre gostei de sexo, amor e carinho? Se ele me completava nesse departamento, não precisava falar de museu.


A senhora se dizia muito feliz. Essas descobertas apagaram as boas lembranças?

Posso ser ingênua, mas não sou burra. Uma traição de sete meses é uma covardia com uma pessoa famosa. Fui obrigada a ler um artigo de uma revista que me chamava de ridícula. Dizia que eu devia arrumar garotos apenas para transar, e não me casar com eles. Estou cheia de ouvir que velha tem de arrumar garotão só para transar. O que é isso? Se o cara trai, é ele o errado, não nós. Aliás, idade não existe para mim. Em primeiro lugar, sou uma estrela brasileira, como a Fernanda Montenegro e o Pelé. Não se pergunta em que ponto nós três deixamos de ser estrelas por causa da idade. Não somos sessentões, somos estrelas: Marília Gabriela, Elba Ramalho, todo mundo que chegou lá... Em segundo lugar, minha vida não é pautada por encontrar homem. Sempre gostarei de alguém, sempre beijarei e transarei. A gente tem o direito de amar quem quiser. Quem é que não gosta de homem bonito? Homem velho tem ex-mulher que vai encher a paciência e filho que vai chatear. Envelhecer deve ser horrível, mas, como não envelheço, estou ótima.

Podemos concluir que a senhora poderá aparecer em breve de namorado novo?

Podem, sim. Mas não agora. Acabei de sair de um redemoinho. Mesmo assim, já rolou paquera. Estou viva e aberta para tudo, mas ninguém nunca mais toca no meu dinheiro.


Seus colegas a classificam como competitiva e temperamental. Como eles reagiram ao seu drama?Da melhor forma possível. A ligação mais importante que recebi e que me fez chorar foi a da (atriz) Renata Sorrah, justamente alguém que a imprensa diz ser minha desafeta. Nunca tivemos um ai. Sempre contracenamos, ela como má e eu como boa. Mas Renata estava tão sentida quanto eu. Não crio caso com ninguém. Estou na elite porque sou excelente profissional. Acha que eu seria tão respeitada na Globo se eu fosse esse mau elemento que pintam? Agora, quando contraceno com ator relapso e medíocre, chamo sua atenção, sim, e digo que lugar de estudar texto é em casa. A Carolina Dieckmann trabalha como eu. Aliás, o meu melhor trabalho foi com ela e a Renata Sorrah em Senhora do Destino.


O casamento com Marcelo será um trauma que atrapalhará seus relacionamentos futuros?

Deus me livre de trauma, filhinha. Não tenho trauma nem de pai, nem de mãe, muito menos de ex-marido, ex-bandido. Só quero esquecer que conheci Marcelo Silva. Enquanto o Marcelo estava vivo, fiquei trancada em casa com medo do que ele pudesse fazer comigo. A partir do momento em que, infelizmente, morreu, estou livre. Já sofri. Emagreci 5 quilos de nojo do que ele e a amante fizeram. Só tive pena uma vez: quando vi pela televisão o corpo dele no chão da garagem. Fora isso, só tive raiva, raiva e raiva.
...
 
São dramas de famosos, estrelas ou gente como a gente. São dores e sofrimento impostos por criminosos psicopatas que encontram coadjuvantes para seus golpes medonhos contra suas vitimas.
Usam e abusam do silencio cúmplice anestésico da sociedade, são funcionários e empregados ameaçados ou coniventes com a trama,são amigos e conhecidos silenciosos que esperam o desfecho trágico em suas vidas. Abutres!
E os psicopatas agem inclementes, com suas imundas vadias, difamam, armam e até te processam, se garantem bem, com chantagens ou com conivência com autoridades. Psicopatas são, dragões do mal que circulam entre nós, sempre cativantes, falantes, mentem, descaradamente e são ferozes como demônios

http://agrandefarsa.blogspot.com Síndromes de Psicopatas
 
Que sejam amaldiçoados eternamente!
 
Ana Maria C. Bruni
 
 

terça-feira, novembro 25, 2008

Interview

Neste Blog atualmente

Entrevista com Paulo Pavesi

Entrevista com Vera Mattos

Entrevista com Ana Maria C. Bruni


Entrevista com Nilcéa Freire Ministra da SPM

Acessem os arquivos Setembro e não considerem as datas das postagens do blogger e sim as das matérias.

SPM Nilcéa Freire sobre a Campanha Comprometa-se

Entrevista com a Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéa Freire no Programa Bom Dia Ministro

Leia abaixo os principais trechos editados pelo Em Questão.

Violência - "As violências contra as mulheres são muitas - vão desde o campo físico até o psicológico. É importante que nós saibamos que uma violência alimenta a outra. O ambiente violento só faz aumentar a violência, por isso nós dizemos que a violência doméstica e intra-familiar proporciona o incremento da violência geral na sociedade. Crianças que crescem em um ambiente de violência acabam por reproduzir este comportamento quando adultos. A central de atendimento às mulheres - o Ligue 180 -, mantido pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, recebeu, de janeiro a setembro, 136 denúncias de cárcere privado. Este é o número que chegou à Secretaria; imaginem o número de casos que nós não tomamos conhecimento. O caso da menina Eloá, em Santo André, foi tipicamente um caso de violência contra as mulheres. Nós vimos que não havia um preparo de maneira a reconhecer que esse tipo de violência tem características específicas. Para quem conhece a estrutura da violência contra a mulher, era óbvio que aquele caso terminaria em uma tragédia. O agressor não quer nada mais do que a vida da agredida. Ele queria a posse daquele corpo e daquela alma, mas Eloá o havia rejeitado. Por isso, ele tomou a decisão de castigá-la, como muitos outros homens fazem com suas mulheres, companheiras e até irmãs e filhas.

"Denúncias - "A agressão contra a mulher é um problema que deve que ser tomado como prioridade p or todos os governos. Para se ter uma idéia, de janeiro a setembro, nós recebemos 216 mil atendimentos na nossa Central. Isso significa informações prestadas sobre a utilização da Lei Maria da Penha, relatos de casos de violência, denúncias de cárcere privado e tráfico de mulheres. Nós não podemos dizer se o número de casos aumentou ou diminuiu porque esses números não existiam antes. O que eu posso dizer é que, certamente, o número de denúncias tende a aumentar. Pela existência da Central e outras tantas políticas, como as delegacias e a própria Lei Maria da Penha, a violência deve se tornar mais visível aos olhos da sociedade.

"Lei Maria da Penha - "A Lei Maria da Penha é cada vez menos contestada nos tribunais, na medida em que muitas contestações não têm sido acolhidas. A contestação de que a Lei Maria da Penha não valia para o caso de ex-parceiros foi derrubada pelo Superior Tribunal de Justiça. Foi uma contestação esperada porque a violência contra as mul heres se estrutura no machismo da sociedade, que também permeia o Judiciário. A grande contestação é a "por que uma lei apenas para as mulheres?". A realidade nos mostra que estatisticamente as mulheres e as crianças são as grandes vítimas da violência intra-familiar. Por isso existem leis semelhantes em todo o mundo, não só no Brasil.

"Pacto - "Ainda há muitos desafios no campo da violência contra a mulher. Por isso, neste ano, nós decidimos dialogar diretamente com os homens. A sociedade precisa entender que a violência contra a mulher não é um problema das mulheres. Vamos fechar o ano com todos os estados aderindo ao Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Nos dias 25 e 26 deste mês, serão São Paulo e Minas Gerais. O Pacto visa justamente implementar essas políticas públicas. Temos que ampliar o número de delegacias especializadas e os postos dentro das delegacias comuns, além de treinar os policiais para que saibam como lidar com a v iolência contra a mulher. Temos que aumentar o número de juizados e varas especializadas, como preconiza a Lei Maria da Penha. Também temos que implantar os centros de reabilitação e os centros de penalização dos agressores - política que está prevista na lei.

"Campanha - "Estamos recolhendo assinaturas pela internet, através do endereço eletrônico www.homenspelofimdaviolencia.com.br. Mas também estamos promovendo um mutirão de coleta de assinaturas feitas no papel, manualmente. No jogo do Brasil contra Portugal, nós tínhamos uma equipe na porta do estádio coletando assinaturas. Essa campanha é importante porque não adianta imaginarmos um combate à violência contra as mulheres sem a colaboração dos homens, sem que eles entendam que a violência contra as mulheres os prejudica. Não precisamos apenas da solidariedade dos homens, mas de uma atuação ativa. Vamos lançar no Senado a campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim a violência contra as mulheres. O mote da ca mpanha deste ano é "Comprometa-se". Um dos personagens reais dessa campanha é um pai que, não suportando mais ver o sofrimento da filha, fez a denúncia. Portanto, cada um de nós, homens e mulheres, pode fazer alguma coisa para pôr fim à violência.

"Meta - "Nós temos uma meta, que até o dia 6 de dezembro - que é o Dia Nacional dos Homens Pelo Fim da Violência -, tenhamos 100 mil assinaturas. É evidente que: a cada dia que passa, o número de assinaturas vai aumentando. Todo mundo pode ajudar. Se nós pensarmos quantas e quantos somos envolvidos nessa luta, se cada um de nós pegar mais dez assinaturas de dez amigos, nós vamos cumprir essa meta até o dia 6 de dezembro. Nós vamos enviar essas assinaturas para a ONU. Em fevereiro desse ano, o secretário-geral Ban Ki-Moon lançou um desafio a todos os Estados, a todos os governos no mundo: o de reduzirmos significativamente a violência contra as mulheres até 2015. Em 2010, haverá um balanço mundial do que fizeram os gov ernos e os Estados no sentido de reduzir essa violência. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já demonstrou o seu forte compromisso, foi o primeiro que assinou o site Homens Unidos Pelo Fim da Violência, bem como o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o presidente do Congresso Nacional, senador Garibaldi Alves. Os três assinaram, na bela companhia do Raí, um ídolo das torcidas brasileiras e também do ponto de vista do seu compromisso social. Assinaram também o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, inaugurando a campanha, e o governador Eduardo Campos - de Pernambuco, um estado que sofre muito com os assassinatos de mulheres.

"Mulheres na prisão - "O aumento do número de mulheres nos presídios se deve, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional, à questão do tráfico de drogas. Muitas mulheres, em geral, jovens, são presas em função da atividade criminosa de pais, irmãos ou companheiros. Faz parte do Pacto, o Mutirã o Nacional de Assistência Jurídica às Mulheres em Situação de Prisão, que consiste numa análise dos processos de cada mulher. As defensorias públicas de cada estado apresentam o projeto, de maneira que nós possamos fazer a revisão dos processos de cada uma das detentas. A intenção é que cheguemos com o Mutirão nos 26 estados da Federação, mais o Distrito Federal. Nos estados que já apresentaram os projetos, nós vamos cobrir cerca de 78% das mulheres em situação de prisão no País. São Paulo, por exemplo, concentra mais de 50% das mulheres encarceradas. Nós trabalhamos em estreita parceria com o Departamento Penitenciário Nacional, que pertence ao Ministério da Justiça. O Pronasci vem desenvolvendo o mesmo trabalho para toda a população carcerária. Nós da Secretaria, evidentemente, fazemos o recorte específico para as mulheres. Essas mulheres que, porventura, já tenham cumprido a pena terão obviamente a situação revista. Cada caso será tratado de maneira particular, porque pod e ser relacionado a abandono, negligência ou até mesmo perseguição.

"Educação - "Temos um programa na Universidade Aberta do Brasil, de educação a distância com as universidades, de maneira que cada região ou estado prepare professores de quinta a oitava séries da rede pública para lidar com os temas de desigualdade de gênero ou racial, combatendo preconceitos e discriminações que se desenvolvem desde a infância. Em março do ano que vem, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, nós vamos lançar uma série de livros infantis que trabalham outros conceitos com as crianças, derrubando preconceitos e evitando o pensamento por parte dos homens de que as relações de desigualdade os favorecem. Ao contrário, quanto mais igualdade, mais felicidade, mais prósperos serão a família e o País.

"Consciência Negra - "Nós gostaríamos de lembrar que as mulheres negras sofrem de uma sobreposição perversa de discriminações. Elas sofrem por serem mulheres, sofrem po r serem negras. Se nós pudéssemos dizer, na população brasileira, qual o segmento que mais sofre, nós diríamos que são as mulheres negras jovens, que estão mais expostas, que estão mais vulneráveis a todo tipo de agressão na sociedade, por acumularem todo esse tipo de discriminação e por serem também as mais pobres

"O que fazer - "Nós podemos fazer muitas coisas. Você pode, por exemplo, divulgar a campanha Homens Unidos Pelo Fim da Violência, pedindo para que todos assinem o nosso site . Existe o número 180, a Central de Atendimento à Mulher, para que as vítimas possam pedir socorro e serem encaminhadas aos serviços de atendimento, e que aquelas pessoas que saibam de um caso de violência possam denunciar. E os governos têm que fazer a sua parte, como está fazendo o governo de Pernambuco."
20/11/08 Entrevista

segunda-feira, setembro 08, 2008

Territorio Mulher





Ana Maria C. Bruni

www.territoriomulher.com.br

Entrevista Ana Maria C. Bruni - Rede Bahia Violência contra a Mulher

Entrevista Rede Bahia - Texto Entrevista

Entrevista de Ana Maria C. Bruni – Tema: “Violência contra Mulher”, exibida pelo programa Rede Bahia Revista – Afiliada Rede Globo – TV Santa Cruz, em 05/08/2007, Apresentadora: Carolina Rosa.

http://www.youtube.com/watch?v=wRTS4Dc3ZMQ

A Dor, não aquela física, mas aquela que atinge na alma! Este dano é irreparável! È eterno! E para isto, nós temos que ter este respeito, precisa haver outro tipo de atitude, e agora! Nós não podemos..., eu não posso deixar para a sua geração essa carga, não posso, já deixaram para minha. Eu não posso mais. Nós demoramos para perceber, demoramos para acordar.

Violência doméstica tem de ser traduzida como Violência do Homem! É o homem que agride, é o homem que ameaça, que intimida. O agressor é o homem!


Entrevista de Ana Maria C. Bruni – Tema: “Violência contra Mulher”, exibida pelo programa Rede Bahia Revista – Afiliada Rede Globo – TV Santa Cruz, em 05/08/2007, Apresentadora: Carolina Rosa.

Apresentadora – Os estudos indicam que a melhor forma de combater a violência contra a mulher é denunciando, mas uma pesquisa realizada este ano pelo Instituto Data Senado, mostra que apenas 40% das vítimas denunciam o agressor.

A historia desta mulher não é muito diferente das milhares de brasileiras que vivem ou já viveram a violência doméstica.

Ana Bruni foi casada por 16 anos. Conta que passou por maus tratos, humilhações, traições. Diz conhecer de perto o que pode ser considerado o pior, entre os piores dos sofrimentos, o de não ter a quem pedir ajuda!

ANA – Nós estamos anestesiados em relação à violência. Eu tenho certeza que se eu parar agora e gritar por socorro, ninguém vem, como ninguém veio. Quando eu precisei e quando muitas mulheres precisaram, ninguém vem.

Falar de paz e amor é muito fácil! Encarar a realidade, minha e de diversas outras mulheres, essa é a questão! É botar à cara a tapa, é brigar realmente por um fato real!

Apresentadora – Ana encontrou na internet um único espaço onde pode desabafar sem medo, além de comunidades em sites de relacionamentos, Ana também criou o Território Mulher, um outro site onde conta sua história, Denuncia sua verdade.

ANA – Essa lei (Lei Maria da Penha - Nº. 11.340/2006), ela não é seguida, os prazos de 48 horas não são cumpridos. Nestas 48 horas o que acontece com esta mulher? Tem intimações de companheiros de amigas minhas, que demoram 90 dias, para o marido ser intimado. Onde é que vive essa mulher nesse período? O que acontece com esta mulher, na realidade? Então, as leis, dias, contra a não violência, isto tem que ser focado, como agilizar isso? Que tipo de atendimento para essas Delegacias especializadas ou não, devem ter?

Eu mesma, eu pedi... fiz uma petição da Lei Maria há mais de 07 meses e até hoje eu não tive sentença, despacho, até hoje não tive... Então você tem que fazer uma Via Crucis para conseguir algum direito, ou pelos menos que alguém te escute. A mulher vai como se fosse pedir um favor, e não um direito!

Apresentadora – O que seria um desabafo virou também apoio para centenas de mulheres.
ANA – Violência doméstica tem de ser traduzida como Violência do Homem! É o homem que agride, é o homem que ameaça, que intimida. O agressor é o homem! Então talvez nós falarmos em Lei Maria da Penha, por que foi ela que sofreu a violência doméstica, é a violência feita pelo homem. Por que que ele age assim? É inadmissível que o homem possa agredir o gênero que lhe deu a vida! A mãe, a filha, a neta, a sobrinha, a amiga. O homem agride!!!

Apresentadora – Apoio. Este parece ser o maior desejo da mulher vítima de violência.

ANA – A moça que conseguiu se separar usando a Lei Maria da Penha, ela me respondeu assim: - “o medo ainda persiste, tenho a impressão que isto é uma coisa que nunca vai passar. Podemos conseguir resolver o mal que nos fazem através da Lei dos homens, porém o que carregamos dentro de nós: o medo, a dor, a humilhação, as críticas, isto nunca vai passar!”

ANA – Então como eu te falei, a Dor, não aquela física, mas aquela que atinge na alma! Este dano é irreparável! È eterno! E para isto, nós temos que ter este respeito, precisa haver outro tipo de atitude, e agora! Nós não podemos..., eu não posso deixar para a sua geração essa carga, não posso, já deixaram para minha. Eu não posso mais. Nós demoramos para perceber, demoramos para acordar.

Entrevistada Vera Mattos - Tema Direitos Humanos




Até quando defensores dos Direitos das Crianças serão ameaçados? A Jornalista, psicanalista Vera Mattos, me concedeu, diretamente da Bahia, esta entrevista exclusiva onde relata tudo o que tem passado todo este tempo em sua luta pelos Direitos Humanos, não desistindo nunca de lutar por justiça, por mais ameaças que receba dos poderosos!

Sandrah - Você é presidente da Fundação Jaqueira que leva o nome de sua mãe, Maria Lúcia Jaqueira de Mattos. Com ela que você iniciou na luta pelos Direitos Humanos?

Vera Mattos – Hoje percebo que sim. Que minha mãe trouxe enormes exemplos para aqueles que conviveram com ela. Mesmo sendo de famílias tradicionais, e com recursos, ela sempre estabelecia a igualdade como prática diária. Tratar bem os empregados, jamais fazer diferenças;dividir o alimento disponível e não as sobras; vestir aqueles estivessem com frio; dar socorro aos necessitados e jamais negar ajuda quando o assunto estivesse ao nosso alcance.Mesmo quando muito jovem e solteira minha mãe praticou uma espécie de democracia do ensino. Nascida e criada em Salvador logo após formar-se em professora foi para o interior da Bahia, onde alfabetizava adultos nas fazendas da região sudoeste. Ali ela começaria a estabelecer que fazendeiros e empregados teriam que estudar juntos nas mesmas salas e com as mesmas condições. Em alguns casos era alfabetização noturna. Ela era bastante jovem e idealista mas com seus 18 anos já conseguia feitos importantes. E assim continuou a sua vida sempre pregando igualdade e fraternidade.

Sandrah - Quais as principais ações da Fundação Jaqueira na atualidade e como se desenvolve seu trabalho?

Vera Mattos - Antes da morte da minha mãe já existiam algumas homenagens a ela na Bahia, entre as quais o Colégio Maria Lúcia Jaqueira no muncipio de Jequié, Bahia. Para nossa surpresa também foi criada a Fundação Maria Lúcia Jaqueira de Mattos homenagem que recebemos com muita honra e alegria. Inclusive realizamos doações significativas como por exemplo todo acervo pessoal dela, incluindo desde sua bibilioteca até obras de arte famosas.Eu acredito sinceramente que a Fundação nasceu antes mesmo da sua criação. Lembro de quando pequena ter em minha casa diversas pessoas que ficavam sob ajuda de minha mãe.Eram pacientes com câncer que ficam aguardando vagas em hospitais e como não tinham condições de trabalhar minha mãe os colocava em casa. E aí me refiro ao grande preconceito gerado pela doença e os sentimentos que provocava nas pessoas. Minha mãe era chamada por movimentos principalmente da igreja católica e hospedava em casa, cuidando pessoalmente deles. Neste ambiente em que prevalecia a caridade é que fui criada. Quero dizer que ela e as tias Sidronia, Esther e Etelvina Jaqueira formavam um grupo de mulheres além do seu tempo.Era como se a Fundação já existisse pois viviam para as práticas humanísticas.No decorrer destes anos em que estou a frente da Fundação, a partir de 2003, busquei principalmente atender os mais necessitados porque é o que mais temos em nosso Estado. Fui constituindo uma bela equipe de voluntários e passamos a realizar atendimentos de qualidade, oferecendo inclusive em áreas privilegiadas da saúde e que nem mesmo os convênios particulares cobriam.Realizamos mutirões de saúde que incluem psicologia, fonoaudiologia, gerontologia, psicopedagogia. Nosso programa para TDAH – Transtorno do Déficil de Atenção Humana conseguiu alcançar milhares de pacientes.Ameaças por defender crianças dosabusos e violências de todo tipo Sandrah - No decorrer da defesa pelos Direitos Humanos como chegou aos poderosos e o quais eventos levaram a que eles chegassem a te ameaçar?Vera Mattos - Através da militância e do ativismo político fui me informando cada vez mais sobre Direitos Humanos. E saí da prática para os estudos sendo hoje Conselheira em Direitos Humanos através de certificação recebida pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil.Mas foi na prática do atendimento em psicanálise e psicopedagogia que chegaram os casos de abusos e violência cometidas contra crianças, tanto meninas quanto meninas. A Fundação prestava atendimento as vítimas e suas famílias.A partir daí, alguns casos específicos se transformaram em motivos para graves ameaças pois ao acompanhar crianças e em alguns casos toda a família, oferecíamos relatórios conclusivos a pedido da justiça . Além disso, como presidente da instituiçao eu tinha que ir depor em juízo.Também quando as crianças estavam sendo atendidas dentro da Fundação tínhamos que ficar atentos a possibilidade de seqüestro delas pois sabíamos que os pedófilos estavam dispostos a tudo.As ameaças passaram a existir a partir destes atendimentos sendo que as ameaças mais significativas partiam exatamente dos agressores com maior condição financeira e que sequer admitiam culpa.Aliás, nem admitiam que suas famílias fossem tratadas psicologicamente. Desgraçadamente, alguns destes pedófilos consideram absolutamente normal o que praticavam mesmo quando as vítimas tinham dois anos de idade.Então, respondendo a sua pergunta, desde que passamos a fornecer informações para construção de processos judiciais comecei a entrar em risco pessoal e a sofrer ameaças que me permitiam viver até o primeiro semestre do ano de 2006.A partir do segundo semestre de 2006, a partir de um caso que está sob segredo de justiça, eu e a minha família passamos a ser ameaçados diretamente. Enfrentamos assaltos dentro da própria Fundação, carros nos seguindo, assaltos seguidos de agressão física, assaltos a mão armada, seqüestro relâmpago etc. Passei a ser seguida e vigiada.No segundo semestre até o show beneficente para a Fundação, em 16 de dezembro de 2006 foi assaltado, levando-se o dinheiro da sonoplastia e bens dos artistas presentes naquele momento. Logo após a unidade da Fundação que ficava na cidade baixa foi completamente assaltada, levando-se todo acervo pessoal da homenageada. Também todos os computadores foram levados assim como nosso parque tecnológico. Nada sobrou.As ameaças continuaram mesmo após isto. Eu diria que a palavra certa seria a tortura psicológica. Até nos espaços públicos onde a Fundação atendia passei a ser procurada por homens estranhos.O resultado são mais de vinte mudanças de moradia, foi deixar de atender pessoas para não colocar as demais em risco. Minha família foi sensivelmente prejudicada. Minha filha já não freqüenta universidade há um ano. Deixei de ter telefone fixo e pelo celular recebia todo tipo de ameaças e sempre com a informação de que sabiam onde me encontravam.O último em plena greve da polícia em Salvador avisava sobre o seqüestro da minha filha.Fui para dentro de uma Delegacia para fazer mais um boletim de ocorrência.Infelizmente, na Bahia tudo é extremamente lento. Algumas instituições são sérias e entre elas cito o Ministério Público do Estado da Bahia e o Promotor das Fundações Luiz Eugênio Miranda. Também a atuação da delegada Isabel Alice titular da DEAM. O Núcleo de Justiça e Direitos Humanos da Secretaria de Justiça e em especial na pessoa de Mônica Bittencourt.Infelizmente, os outros órgãos são lentos, ineficazes e ineficientes. Dois anos o começo da nossa história e nada anda. Inquérito policial concluído. Todo prejuízo moral, familiar, profissional. Todos os danos estão aí.Hoje o pedófilo é beneficiado pelo segredo de justiça quando não há flagrante. Quando a justiça julga improcedente as queixas o elemento é liberado e transforma a vida das pessoas em um verdadeiro inferno.Infelizmente, existem juízes completamente despreparados para julgar estes casos. Ou poderia dizer benevolentes para com os agressores e que colocam em dúvida até o testemunho das mães. E creio que existem outros que diante do desenho de uma criança atingida não apresentam qualquer sensibilidade. E digo mais: para eles laudos psicológicos não importam e não acrescentam. Somente um laudo interessa: o do instituto médico legal que prova se houve conjunção carnal através da violência. Há casos em que os homens dizem ter sido seduzidos por crianças de cinco a seis anos.

Sandrah - Sabemos que a Pedofilia grassa por todo o país e só aparece na televisão quando os casos estão resolvidos, como está seu trabalho quanto a esta questão e quais os desdobramentos?

Vera Mattos - A Fundação não pode parar. Continuamos trabalhando. Por uma questão de segurança e para principalmente não colocar em risco os demais profissionais eu não compareço em eventos públicos. Estou sempre escondida, com endereço incerto e vivendo de maneira precária. Atualmente estou em uma favela onde assisto a situações dramáticas mas encontro solidariedade. Da mesma forma, dentro do possível procuro auxiliar aos moradores de lá.O meu caso e o da Fundação estão no Ministério Público do Estado da Bahia. De um delegado muito experiente na Bahia ouvi o conselho de deixar Salvador e ir embora daqui pois sou testemunha e arquivo vivo. Portanto, que a polícia não pode me assegurar qualquer proteção, que eu saia com a minha família daqui.Violência contra a mulher de todas as classse sociais

Sandrah - Sabemos que defende a mulher que sofre violência. Existe um perfil próprio de mulher que sofre violência na BAhia e no Brasil, quais são os dados desta questão. Você acredita que ainda há impunidade?

Vera Mattos – Não, não existe um perfil próprio. Mulheres de todas as classes sócio-econômicas sofrem violência seja física ou psicológica. Nem sempre os dados correspondem a realidade e os dados oficiais estão aquém da violência cometida.

Sandrah - Na Bahia, a Lei Maria da Penha é cumprida, porque a própria Maria da Penha foi beneficiada apos 7 anos, como você vê a questão das punições?

Vera Mattos – Na Bahia foi criada uma rede de mulheres para acompanhar especificamente a situação. Acredito que temos que estabelecer uma nova cultura onde a mulher sinta segurança suficiente para dar queixa e depois levar o processo a frente. Antes da Maria da Penha as mulheres ofereciam mais queixas. Hoje, quando sabem que não poderão voltar atrás, elas temem e acabam com isto reduzindo o número de casos registrados.Na Bahia não existe estrutura suficiente para a demanda. Falta tudo: desde estrutura suficiente para abrigar vítimas e testemunhas como profissionais como delegados, promotores e defensores.


Sandrah - Quanto a pedofilia, os psicólogos alertam que o pedófilo é um doente e em muitos casos, também sofreu abusos na infância. Existe alguma forma de prevenção ou de alerta às famílias que você possa dar?


Vera Mattos – Eu discordo. Nem sempre o pedófilo é um doente. E também é mito que eles tenham sofrido abuso na infância. Isto somente serve como argumento de absolvição.As formas de prevenção começam na família que é aliás um dos principais meios em que ocorrem a pedofilia principalmente a silenciosa. Quando todos são cúmplices porque sentem vergonha em denunciar alguém da família, esquecendo que tem alguém sofrendo muito e precisando de ajuda urgente.


Sandrah - Quais as providências que deveriam ser tomadas pela Justiça Brasileira, tanto quanto a defesa dos direitos das crianças e do adolescente, quanto os direitos das mulheres?


Vera Mattos – Leis existem e são muitas. A questão do Brasil é o cumprimento das leis.Daniel Ponte também sofre represálias no Rio de Janeiro


Sandrah - Como você vê a defesa dos próprios ativistas dos Direitos Humanos, uma vez que muitos estão sendo ameaçados de morte. Que solução você imagina? A Anistia Internacional atua na defesa das lideranças? A Onu se pronuncia? Como você vê esta questão?

Vera Mattos – Hoje eu diria a um jovem defensor: você vai entrar nesta área por sua conta e risco. Nada espere do Estado. Nada espere do seu governo. Nós somos abandonados a nossa própria sorte. A partir do momento que passamos a ser vítimas a única voz que temos é a da imprensa.Cito aqui o caso do médico Daniel Ponte que denunciou a barbaridade do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro e hoje é caçado pela própria máfia carioca. Enquanto ele é ameaçado permanentemente, não pode trabalhar, sofre todas as torturas psicológicas, os poderosos do Rio de Janeiro levam suas vidas confortavelmente com o dinheiro do crime. Você poderá também verificar os nomes dos defensores mortos nos últimos anos.O Brasil parou nesta área. Criou ministério, secretarias e cargos. Mas no meu caso por exemplo não recebo uma ligação oficial e nenhuma ajuda oficial.Sandrah - O que você diria para as lideranças de todo o Brasil quanto a defesa dos Direitos Humanos e o apoio efetivo aos ativistas? como articular uma rede eficaz para não se ter tantas ameaças.Vera Mattos – Honestamente, acredito que estamos distantes disto. Somente as organizações internacionais podem ajudar. A dificuldade de articular uma rede me parece maior pelo fato de que o País tem grandes distâncias e que somos vigiados de todas as formas pelas redes de criminosos. Enfim, estamos entregues a própria sorte. Sandrah - A Fundação Jaqueira está responsável por mais atendimentos, de que tipo? Atende a mulheres, crianças, idosos como é esta atividade e como mantê-la? Nesta campanha para ajudar, o que cada liderança pode colaborar e que tipo de apoios efetivos já tem? Vera Mattos – Embora a Fundação Maria Lúcia Jaqueira tenha obtido o título de utilidade pública ainda não recebemos qualquer recurso governamental.Precisamos de muita ajuda para atender as comunidades carentes. Peço que visitem o site http://www.fundacaojaqueira.org.br/


Sandrah - Quanto a captação de recursos, entidades de fora da BAhia podem auxiliar? O que você diria a respeito.


Vera Mattos – Sim, claro que sim. Todos os recursos serão bem apreciados. Precisamos de toda ajuda até porque acredito que somente a sociedade organizada pode mudar o caos social que vivemos. Agora, precisamos arrecadar recursos para uma das nossas unidades que ficam em favelas com milhares de famílias vítimas da violência. Precisamos de recursos para sopa, para roupas, para construção de espaços. Temos profissionais voluntários mas não temos recursos para dar continuidade aos trabalhos dentro do ritmo exigido.Hoje a Bahia apresenta um elevado índice de criminalidade. As mães perdem seus filhos para a guerra do tráfico aqui instalada. As mulheres perdem seus maridos. Na maioria das vezes os cadáveres de negros e pobres são sepultados sem qualquer presença familiar pelo temor dos parentes de também se tornarem alvos. Vivemos a sociedade do medo.A injustiça e a desigualdade social imperam por aqui. O crime é a única escola freqüentada pelas crianças da periferia e das favelas que ficam dentro dos bairros nobres. É uma triste Bahia.

Entrevistada Ana Maria C. Bruni & Jornalista Vera Mattos



QUAL A CONDIÇÂO DA MULHER HOJE EM DIA?

Desamparada. Abandonada. Discriminada. Humilhada.Desprotegida

O Brasil não respeita as Convenções assinadas pela erradicação da Violência contra a mulher. Toma medidas paliativas, mas não com o vigor e seriedade que temos direito.
A mídia não favorece as situações femininas, continuam nos discriminando em nossa posição social e impondo a massa a mulher objeto sexual ou a mulher sofrida.
Não nos respeitam como cidadãs,. Como podemos respeitar os poderes?
Não somos , nem queremos a tarja de vítimas. Somos Mulheres!
Não queremos proteção, exigimos nossos direitos!
COMO VC SE SENTE NA CONDIÇÂO DE PESSOA AMEAÇADA?

Indignada pelo silêncio da sociedade!
Esta é a ameaça maior! Que tudo pelo qual passamos continue por outros séculos!
Muitas já caíram, tropeçamos atualmente na poeira delas e para que? Para alcançarmos em 2007 estatísticas de mais mortes? Para acontecer o caso (mais atual) no Pará?
A violência pode ser física,porém a moral a psicológica é irreparável.
Assim nos matam em vida.
O que falta fazerem conosco?
O Brasil tem de por um fim na violência! A chamem de Praga, pois é exterminadora.

VC ACREDITA QUE OS ORGAOS GOVERNAMENTAIS PRESTAM SERVIÇOS A CAUSA DA MULHER?

Falando exclusivamente sobre a Violência: Não nos interessa saber se conseguiram resolver assuntos de 100 ou 500 mulheres. As outras milhares em nosso país como ficam? Como sobrevivem ?
Existe por acaso um grupo que pode ter apoio e outro não?
Uma cidade ou capital em especial que as mulheres podem ter mais ajuda? E noutras pequenas comunidades como ficam as mulheres?
Estes órgãos têm o poder, tem recursos e muitos! Que não nos constrinjam a viver em guetos.Quando apelarmos a eles que venham em nosso socorro, que enviem pessoas que possam nos proteger e orientar.

O QUE E PIOR: A VIOLENCIA FAMILIAR OU O DESCASO DAS AUTORIDADES?

A violência familiar existe por causa do descaso das autoridades. Sabem os que nos atingem, que mesmo com a Lei 11.340 serão protegidos por seus advogados e serão agraciados com a morosidade da justiça ( entrega de intimações, etc. ).
Sabem aqueles que mesmo e quando condenados pela lei que voltarão a ameaçar suas vítimas, como de fato acontece.O rigor, a voz da autoridade não existe! È visível, audível o que estes com o poder transmitem para os agressores. Se sente a cumplicidade, é transmitido o sentimento de impunidade. As testemunhas são coagidas, intimidadas.
Quando em desespero manifestamos nosso medo em ser mortas dizem:

“Se a senhora morrer caçaremos os culpados!”

Quando não estamos de acordo com suas atitudes, nos ameaçam de prisão por desacato.

Prevenção não existe. As famosas 48hrs para as medidas preventivas não existem!

O medo, o desamparo existe, é real.

Entre a opção de duas violências,familiar ou autoridades: Não existe o pior! Sua vida como mulher é destruída e ameaçada , seus princípios e bases éticas como cidadã despedaçados.
Nada sobra nestasopções.

ESTA SOB AMEAÇA DE MORTE?

Denúncias a integrantes da Polícia Militar , Civil, Órgãos de Segurança e Justiça nunca colheram bons resultados para os que se atreveram a fazê-las.
O resultado do Cala Boca Brasileiros está em nossa mídia . São juizes, advogados, policiais que agem protegidos por seus mantos e emblemas e mancham com sangue e muito sofrimento os juramentos daqueles honrados e íntegros que fazem parte destes órgãos de Segurança e da Justiça.
Existem valorosos e íntegros que combatem pela paz, não violência e pela justiça , mas não podem fazer milagres, não tem condição de irem contra o sistema a qual pertencem são pessoas que tem família, parcos ganhos, não são tão heróicos e destemidos que permaneçam do lado da vítima contra o corporativismo.

Ameaças de prisão, de internação em sanatórios sim. Apelido de um dos que denuncio : Matador

Caso algo me aconteça, será de origem particular ou policial?

Não me protegeram, me difamaram, usaram de abuso e prevaricação, fui agredida, se isto não são ameaças veladas não sei o que são?
Morte ? Já mataram a antiga mulher, esta não ressuscitará jamais. Seu sangue se transformou em lágrimas da mulher atual.

Como me disse uma desembargadora de outro estado;
Lemento Ana
Nem sei o que te dizer!

QUAL A SOLUÇAO PARA SEU CASO? O QUE ESPERA QUE ACONTEÇA?

Em relação às autoridades da Policia Civil e Militar , investigação profunda e que se desculpem comigo oficialmente pelas atitudes , descaso e violência com a qual fui tratada .

Assim solicitei inicialmente em maio de 2006 a autoridade máxima da Policia Militar de
Ilhéus. Recebi desculpas verbais, quando solicitei em ofício se calaram, como calados estão até hoje.

Desejo que a sociedade retome a credibilidade nestes Órgãos. O povo não pode ter medo de denunciar. Policia e Justiça tem o dever de nos acolher, proteger e nos orientar.

Desejo que estes da policia e da justiça sintam que temos confiança na ética e integridade deles.
Que país é este onde o povo tem se defender de criminosos e dos que deveriam te proteger deles?

NESTA SEMANA DE ATIVISMO VC TEM ESPERANÇAS DE QUE ALGO POSSO ALTERAR A SITUAÇÂO EM QUE SE ENCONTRA?

A situação na qual me encontro, é a mesma situação que se encontram centenas de mulheres.
Utopia pensar que meu caso teria alguma alteração, enquanto no Pará acontecem desmandos verbalizados na mídia, com aval de mulheres no poder e com a cumplicidade do silêncio da comunidade.
Tenho esperanças sim, que pelo menos estas mulheres que tem o poder e aquelas que comparecem a tantos Congressos, Fóruns e Seminários se unam não só pela voz, mas pelos seus atos em sociedade, que mostrem a cara, que se desculpem pelas suas omissões, que criem realmente um canal aberto, um histórico das muitas que aflitas buscam por socorro.

O 180 atualmente está melhor, no ano passado era um desastre. A mulher tem de ser reconhecida não como uma estatística , mas na sua individualidade.
Não somos todas Anas, ou Marias, existem Veras, Tanias, Lucias, Teresas, Lauras.
Temos nomes e cada qual sua história. Não temos tempo para conversa fiada, pra burocracia. Não temos recursos. Muita tem filhos, precisam sobreviver, se protegerem e aos seus.

Humanidade precisamos. Solidariedade necessitamos.

Uma que cai, que morre, que se suicida, que perde a razão,que vive por anos em depressão é mais uma ferida , uma chaga em nossa pretensa Constituição, aos Direitos Humanos.

Nenhuma pode cair, todas nós unidas devemos sustentá-la e acompanha-la em sua caminhada.!

QUE ORIENTAÇAO VC PODE DAR A UMA MULHER PARA QUE SUA HISTORIA NAO VENHA A SE REPETIR?

Não conte com ninguém , nem familiares, nem amigos, nem testemunhas. Conte com você e Deus.
Procure um advogado , vá junto com ele fazer, em caso de violência física, o exame no IML e depois sempre acompanhada vá a Delegacia, DEAM, prestar a ocorrência policial, o famoso BO.
Enquanto as Delegacias não mudarem sua postura em nossa relação, que as mulheres gravem seus depoimentos, como te atenderam, como te trataram. Façam cópias de toda documentação e provas entregues.
Sempre acompanhada de advogado procure o MP imediatamente, nem espere as famosas 48 hrs. Em muito menos tempo poderão estar mortas, difamadas, acuadas. Caso não te atendam, entregue um ofício relatando a urgência e perigo da situação

Resumindo: Mulher se proteja de todas as maneiras. Não confie, não espere ajuda, use de todas as armas para que tenha segurança.

Muitas vezes fazem você de BO-BA com a sua BO

Trágico mas é a realidade.

Ana Maria C. Bruni

http://jornalistaveramattos.blogspot.com/2007/12/ana-bruni-concedeu-entrevista-exclusiva_25.html


domingo, setembro 07, 2008

ENTREVISTA DE PAULO PAVESI

Paulo Pavesi entrevistado por Joge Roriz

Entrevista exclusiva: Jorge Roriz:
Quem é Paulo Pavesi?
Sou Gerente de Sistemas, 41 anos, Paulo Pavesi é um cidadão comum, que descobriu uma rede de tráfico de órgãos mantida financeiramente pelo governo e protegida pelo Ministério Público Federal. A alegação para arquivar as denúncias? Que eu sou louco. Mas se negam a responder o dossiê entregue na OEA e agora reconhecido pelo Governo Italiano como verdadeiro.

Em que data e local seu filho foi assassinado?.

Meu filho foi assassinado em 21 de abril de 2000 na cidade de Poços de Caldas.

Você recebeu asilo humanitário do governo Italiano por um período limitado. Após o prazo, o que pode acontecer com vc? Terá que voltar para o Brasil?
Caro Jorge. O prazo válido para permanência aqui pelo asilo humanitário é de 3 anos, renováveis pelo tempo que for necessário. Porém, eu sou bisneto de Italiano e minha cidadania deve sair ainda este ano. Até hoje ninguém conseguiu provar o contrário do que eu digo. Fui processado 7 vezes criminalmente acusado de injúria, calúnia e difamação e fui absolvido em todas. Se eu mentisse não conseguiria chegar onde cheguei.

Qual a acusação que te levou a ser processado causando a perda de todos os seus bens no Brasil?
Injúria, calúnia e difamação por acusá-los de corruptos. Fui absolvido em todos. Porque perdi tudo? Há oito anos gasto o que ganho para tentar punir os assassinos do meu filho. O Ministério Público Federal enviou ofícios para a empresa onde eu trabalhava solicitando a quebra do meu sigilo eletrônico (e-mails), e a empresa me demitiu no dia em que a CPI do TRÁFICO DE ÓRGÃOS foi instalada em Brasília. Com o dinheiro da recisão, passei 8 meses na capital federal acompanhando a CPI que comprovou minhas denúncias. O relatório da CPI está na gaveta do Procurador Geral da República que se nega a denunciar aqueles que foram indiciados no relatório.

Embora o fato seja pouco divulgado, a censura chegou internet brasileira. Sites e blogs que combatem o governo são suspensos, proprietários processados e ameaçados. Vc também foi vítima disso?
Isso não é de hoje. Em 2001 todos os meus sites foram retirados do ar. Um deles estava hospedado nos EUA no Yahoo. O tribunal qubrasileiro mandou uma carta para o Yahoo Brasil dizendo que se não tirassem do ar, puniriam o Yahoo Brasil que nada tinha a ver com o site. O Yahoo Brasil teve que implorar para o Yahoo dos EUA retirar a página sem dar qualquer explicação. Tenho cópia do e-mail onde o juíz ameaça o Yahoo Brasil. A ditadura está se instalando lentamente e quando vocês se derem conta, não terão nenhuma liberdade. É uma questão de tempo. Um grande abraço Paulo Pavesi
http://jorgeroriz.wordpress.com/paulo-pavesi-o-mais-novo-asilado-brasileiro/

18 de setembro de 2008

PAULO PAVESI O MAIS NOVO ASILADO BRASILEIRO

PAULO PAVESI O MAIS NOVO ASILADO BRASILEIRO
Setembro 18, 2008 by RORIZ

EXCLUSIVO - O brasileiro Paulo Pavesi, recebeu hoje asilo humanitário do governo Italiano. Paulo denunciou a omissão das autoridades brasileiras para punição dos criminosos que assassinaram seu filho Paulo Veronese Pavesi, na Santa Casa da Misericórdia de Poços de Caldas- MG e se sente perseguido por ter denunciado a máfia dos transplantes de órgãos.
Leiam a reportagem no site Italiano Nueveschiavitu:
http://www.nuoveschiavitu.it/archivio/notizie/2008/09/05-12_01.shtml

Segundo Paulo Pavesi , ele denunciou e provou que a fila dos transplantes foi furada, mostrou quem desviou os órgãos e estranhamente o Ministério Público arquivou a denuncia. Os fatos terão repercusão internacional. Paulo já foi contactado por uma grande emissora da Italia e fez algumas filmagens para um documentário sobre o assunto, além de entrevistas para a imprensa Europeia. “Amanhã devo scanear a decisão e jogar na rede. Vamos mostrar que a imprensa não quer divulgar o lado podre do governo Lula.” declarou Paulo Pavesi. Leiam na íntegra o e-mail que Paulo enviou para o grupo brasileiro na internet ( Tráficos de órgãos) do Yhaoo.
“Acabo de receber a notícia que sou o mais novo asilado brasileiro no mundo. Após uma audiência de apenas 2 horas, o governo italiano reconheceu a gravidade do caso e os abusos praticados pelo governo brasileiro nestes últimos 8 anos, e os e-mails enviados por vocês foram de grande importância. Não foi preciso mais que 2 horas para que o governo italiano percebesse o que o governo brasileiro vem fazendo nestes últimos 8 anos. 2 horas de audiência bastaram para ressarcir 8 anos de completo bloqueio a que fui submetido. Agora tenho o “permesso” para viver na Itália por no mínimo 3 anos. Neste período eu não posso retornar ao Brasil, mas posso ir para qualquer canto do mundo. Agora, devo levar o fato para a OEA e fazer com que o Brasil pague pela impunidade que tanto faz questão de manter. Aqui na Europa já saíram matérias sobre o meu caso, gravei um documentário e já tenho um contato com uma importante emissora de tv que quer fazer uma matéria sobre o Paulinho e a proteção que o governo brasileiro está dando a estes criminosos.

O que o Brasil tentou tanto esconder, agora está a céu aberto, e eles não podem mais me calar de nenhuma forma, pois estou sob proteção humanitária internacional. Obviamente, a imprensa brasileira não vai falar disso, como também evitou falar do caso do asilo do irmão de Celso Daniel. Pouco me importa. Agora e festejar e fazer com que a mensagem chegue ao resto do mundo, como prometi ao governo brasileiro.
Foram 14 dias difíceis, dentro de uma “prisão” albergue. Eu podia sair todos os dias das 8 as 20, e dividia o quarto com 2 paquistaneses e 1 nigeriano. Eramos em 18 pessoas (4 em cada quarto), e a grande maioria teve o pedido negado apesar das guerras e conflitos que existem em seus países. A Cruz Vermelha Italiana é maravilhosa e me deu todo o amparo que jamais recebi no Brasil. Desde de exame médico à reuniões com advogados e consultores. Tudo sem ter que desembolsar 1 centavo. Fiz muitos amigos e hoje tivemos uma sessão de fotos de despedida. Dia 9 foi meu aniversário. Os internos do abrigo compraram vinho com o pouco dinheiro que tinham, para poder festejar. Nós não podíamos entrar com bebida alcólica e a Cruz Vermelha Italiana se encarregou de fazer a festa. Foi uma das melhores festas que já tive. Kurdos, paquistaneses, indianos, nigerianos e afegãos. Parece loucura mas o mundo aqui é muito diferente. Cada um cantou parabéns em sua língua e infelizmente não pude gravar nada e nem tirar fotografias.
Agora tenho direito à moradia pela metade do preço que um italiano paga. Terei curso gratuito de italiano, bolsa de emprego a disposição e proteção humanitária. Amanhã devo me dirigir à questura (Polícia Federal Italiana) e dar entrada nos documentos.”
Paulo Pavesi
http://jorgeroriz.wordpress.com/paulo-pavesi-o-mais-novo-asilado-brasileiro/

Paulo Pavesi por Justiça




A História de Paulinho e a luta de seu pai Paulo Pavesi por justiça.Divulgando o site que contem denúncias contra o Tráfico de Órgãos no Brasil.



http://br.youtube.com/watch?v=v__4u5oDYG4